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Medos Infantis

Apesar de ser um assunto muito discutido na psicologia infantil, vale a pena explorá-lo um pouco mais. Ele faz parte do universo da criança e tenho atendido inúmeros casos relativos a medos no consultório.

Quem, quando criança, não sentiu medo? Alguns nos parecem insignificantes, porém, não podemos ter o olhar de adulto e não devemos ridicularizar os temores da criança. Os medos infantis são um fenômeno universal, presente, por incrível que pareça, em todas as culturas e tempos. Cada um de nós, quando pequenos, também sentimos vários tipos de medos. É preciso oferecer segurança e respeitar o temor que a criança apresenta.


O medo, em alguns casos, é um alerta até necessário, pois avisa-nos que algo ameaçador pode vir a acontecer. O papel fundamental dos pais é ajudar os filhos na transposição desses medos, auxiliando-os a superá-los.


Em primeiro lugar, não podemos usar o medo como ferramenta educativa, como, por exemplo, para que as crianças tomem banho, ameaçá-las que, se não o fizerem, o “bicho papão" vai pegá-las. Nunca devemos usar o medo da criança para ameaçá-la, chantageá-la ou coagí-la a fazer o que queremos que elas façam.


Até os 6 anos de idade, a criança assiste a uma evolução dos medos infantis junto ao seu desenvolvimento cognitivo; ainda são mantidos os medos da fase anterior (de 1 ano a 2 anos e meio de idade), como o separar-se de seus pais ou o medo de estranhos, barulhos fortes etc., agregando-se aqui estímulos imaginários: monstros, fantasmas, escuridão, máscaras... Quando a criança é pequena, pode ser difícil reconhecer o que a assusta.


A partir dos 6 anos, os medos tornam-se mais realistas e específicos. Desaparecem aqui os temores dos seres imaginários e fantasiosos e aparece aqui o medo do dano físico (mortes, acidentes, médicos, injeções) e, em alguns casos, medo do fracasso escolar, da separação dos pais e medo de cachorros.


Entre a pré-adolescência (11 anos) e adolescência (13 anos), o medo da fase anterior vai diminuindo e dando lugar às preocupações advindas das críticas e da rejeição dos colegas de turma, entre outros. Aqui aparecem, também, os medos derivados das mudanças físicas, das relações interpessoais, dos fracassos acadêmicos, da "ruptura" da proteção familiar e a procura da própria identidade.


O importante para os pais é perceber quando o medo é intenso a ponto de causar um grande sofrimento à criança, a ponto de atrapalhar suas tarefas do dia-dia ou quando ela perde o contato social e escolar por causa desses medos. Em tais casos, há necessidade de se buscar ajuda de um psicoterapeuta.


O mais importante é se dar conta quando a rotina da casa é modificada em função dos medos e a criança vai para a cama dos pais ou a mãe/ pai têm que dormir no quarto da criança. Em tais situações, fica claro que a solução não cabe mais somente a eles: é hora de buscar ajuda externa.


Medos infantis mais comuns:


0 - 6 meses:

medo de ruído/ barulho forte

medo da base de sustentação (suporte)


6 – 12 meses:

medo de altura

estranhos

objetos apresentados de forma abrupta

ansiedade de separação da figura que cuida dela


2 - 3 anos:

pessoas fantasiadas

animais (cachorro/ gato)


3 - 6 anos:

monstros/fantasmas

escuro

pessoas más da TV

morte

dormir sozinho


6 - 10 anos:

medos de acidentes/ assaltos

medo de separação dos pais

medo do fracasso escolar

doenças


10 - 12 anos:

críticas

rejeição de seus pares

da própria mudança física


+ 13 anos:

independência

futuro

preocupação com o sexo oposto


A fase do medo às vezes não passa rápido e pode se prolongar por muito tempo.


Leia mais: clique aqui.


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