Luto: Como superar esse momento?
A morte é a única certeza que temos na vida. Já enfrentá-la é algo muito peculiar e distinto para cada um de nós.

Sem prazo para superar, sem fórmulas para viver a experiência e com reações diversas o luto é o assunto que abordarei hoje.
A morte é algo diante do qual ficamos espantados, porque representa o desconhecido na existência humana e nos remete também a nossa própria morte.
Os rituais de despedida são necessários para lidar com essa realidade e ajudam a simbolizar a morte do ente querido. Sendo assim, o luto deve ser vivido, sentido e compreendido, para que nosso equilíbrio emocional seja restabelecido.
O luto é complexo e trata-se de uma experiência única, influenciada pela suas crenças; pela relação que existia com a pessoa falecida; pela circunstância que ocorreu o fato e, por último, por suas próprias características.
Existem aspectos comuns quando se perde alguém amado:
O primeiro é o choque, como se perdendo o chão, um sentimento avassalador;
O segundo é a ambiguidade vivida agora entre a presença e ausência, entre o presente e o passado, onde a pessoa amada não está mais; e
o último se trata de um processo que se desenvolve pouco a pouco, com idas e vindas, relacionados às tristezas e angústias.
Sendo assim, o ritual de despedida é importante para admitir a perda e entrar no luto, para simbolizar como foi a vida de quem morreu e os momentos de mudança de vida dos que ficaram.
A pessoa que vive o processo de luto precisa elaborar essas novas condições e reconstruir um novo jeito de viver. Tudo isso é importante para denotar que a vida continua, criando uma comunhão de cumplicidade, de compaixão e de renovação, colocando a pessoa que faleceu num único lugar, na memória.
O ritual fúnebre é necessário para a maturação psicológica, uma parte importante do comportamento social, mas que infelizmente com a pandemia da Covid 19 o processo de entrada no luto, dos que perderam entes queridos, foi cessado devido a imposição de limitações num momento tão importante de despedida para familiares e amigos.
Com os caixões lacrados, os corpos não podem ser vistos e contemplados, seus familiares executam essa passagem de forma incompleta, dificultando ainda mais o processo de entrada do luto. Traz para muitos dos enlutados, uma sensação de incompletude, uma tarefa que não foi acabada, uma missão não cumprida e que consequentemente, com essas condições adversas, deixam milhares de familiares com risco de desenvolverem um sofrimento mental.
A impossibilidade de vivenciar o ritual fúnebre faz o indivíduo pular uma etapa e entrar diretamente nas cinco fases do luto, a negação, a raiva, a negociação, a depressão e por fim a aceitação.
Na negação cada pessoa age de forma diferente, tem como objetivo se proteger de uma verdade inconveniente, pode demorar horas, dias ou semanas para passar.
O sentimento de raiva manifesta algo que pudesse constantemente, por meio de atitudes auto destrutivas, beber ou brigar.
Na negociação como se tivesse o poder de barganhar e reverter a situação, como, por exemplo, “se eu tivesse feito isso” ou “se eu tivesse feito tal coisa tudo seria diferente...
Na depressão traz um choro compulsivo, se isola de familiares e amigos, neste estágio requer apoio.
Por último a aceitação quando o enlutado compreende a sua nova realidade e convive pacificamente com a perda.
Enfim, a falta de ritual do luto nos rouba de fato maneiras de vivenciar a ausência e deixa um vazio ainda maior causado por uma perda.
Escrito por Ludmila Santoro - Psicóloga e Psicopedagoga
Contato: (11) 96791-7483
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