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Frustrar, também é amar!


Vivemos hoje no Século XXI, fruto de uma geração de pais autoritários, da década de 70. Modelo familiar patriarcal, onde o pai era o provedor e a mãe submissa, financeiramente e emocionalmente, os filhos eram submetidos a este lar, muitas vezes obedeciam por medo.


Porém, aquele pai severo que ditava normas e a mãe e filhos acatavam já não existe mais, o mundo mudou. E esta nova geração moderna de pais, na faixa etária de 34/45, não querendo repetir o autoritarismo de seus pais, tornaram-se totalmente permissivos. Infelizmente estão perdidos em como criar e educar seus filhos.



Recentemente em meu consultório, deparei-me com uma fala de um pai, "mas posso falar não para meu filho, ele não vai deixar de me amar?".



Não podemos confundir frustrar - o falar não - com a falta de amor, frustração é amor! Dar limites e negar algo não quer dizer que vocês são pais ruins e não amorosos, ao contrário, fará com que seu filho eleve sua autoestima e tenha confiança para enfrentar os obstáculos da vida.



Em meio a uma realidade onde os pais não possuem muito tempo para passar junto com os filhos e diante do crescente mundo consumista, muitas vezes, com receio de submeter-se a desaprovação social do filho, que se comporta mal, faz birra/chora e não sabendo lidar com tal situação, acabam cedendo e realizando os desejos e caprichos e se sentem culpados quando é necessário impor alguns limites. Infelizmente não os ajudam a lidar com suas frustrações e as do mundo. Seus filhos acabam sendo "reis e rainhas", onde o poder de posse estará sempre em primeiro lugar.


Quando você superprotege seus filhos, impedem que eles tenham suas próprias experiências, ficam assim impossibilitados de lidar com os riscos, não aprendem a resolver os conflitos entre seus pares. A criança precisa ter uma experiência do risco, de um eventual machucado e principalmente da frustração.



Encontramos hoje, na sociedade contemporânea, crianças e adolescentes muito inteligentes capazes de manusear com destreza seus computadores e tabletes, falando 2/ 3 línguas, realizando coisas incríveis, mas incapazes de lidar com as questões emocionais. Adolescentes que no primeiro "não" ou em uma primeira briga com a namorada(o) falam em suicídio. São imaturos emocionalmente, fruto da permissividade e da falta de educação sobre a frustração.


Precisamos como pais ensinar nossos filhos a terem resistência a frustração, a saberem reagir e enfrentar um não dado a eles, a pensar em outras possibilidades. Quando ensino alguém a lidar com frustração, estou ajudando-o em sua autoestima.



A geração de nossos pais "erraram" porque imaginaram que a frustração gerava sofrimento. Quando aquele pai me perguntou se poderia falar um não ao seu filho, ele foi pautado nesta ideia errônea, de que estava causando sofrimento a este filho e este o deixaria de amá-lo. Mas é exatamente ao contrário, sabemos pelos estudos da própria ciência, da psicologia, a neurologia, que a frustração e limite, nesta primeira infância e na própria adolescência, é um bem, pois ela irá gerar uma elevação na autoestima de uma pessoa.


Para reparar os erros da geração de pais permissivos é preciso deixar de tratar os filhos como reis e rainhas, é preciso ensinar os filhos a enfrentar o mundo real, aceitando as circunstâncias e muitas vezes a frustração da vida e saber lidar com elas de maneira positiva, isso é que irá contribuir com a sua autoestima.


Precisamos ter o controle e as rédeas para um desenvolvimento emocional sadio de nossos filhos e então, cada vez mais, estaremos contribuindo de forma positiva para o seu amadurecimento emocional e para que se torne um adulto confiante e de sucesso na vida pessoal e profissional.


Encontrei este artigo a seguir, publicado pelo Jornal da APM do Colégio Santa Maria em 2011, que trata um pouco mais a respeito desse mesmo assunto:


"Criança que não assume seus erros


As crianças de até 7 anos vivem no seu mundo de fantasias e tem convicção que suas vontades são lei. Só um pouco mais tarde elas começam a compreender que existem regras de convivência nas relações interpessoais. Percebem que alguns comportamentos denotam aprovações, enquanto outros, punições e criticas. Pensando nisso, percebem que "pisar na bola" eventualmente é inevitável, e por não gostarem de serem repreendidas já vão falando: "não fui eu"!.


Porém a imaginação deles ainda é fértil nessa idade e antes de perder a paciência, procure entender que seu filho acredita realmente na sua inocência. As crianças estão tão envolvidas em suas fantasias e personagens que se deixam levar pela brincadeira sem ter a noção das suas consequências. Isso acontece por ex. quando na sua fantasia o menino encarna o papel de melhor jogador de futebol e quebra alguma coisa, aí, logo não foi ele, e sim, o "melhor jogador de futebol".


Nessas situações os pais não devem tomar atitude como se fosse mentira e sim ensiná´-lo a assumir o erro, ajudando-o a repará-lo, pois independentemente das nossas intenções, eventualmente, podemos fazer coisas que prejudicam as outras pessoas, um diálogo calmo e ponderado é o caminho nas situações em que a criança tem consciência do erro, mas por medo, não assume. Isto é muito comum em famílias rígidas ou quando o comportamento é ligado ao afeto: "se você fizer isso, não vou mais gostar de você. Investir no diálogo e manter a calma é a única forma de ajudar a criança a recuperar a tranquilidade, reconhecer e aceitar suas falhas. Só existe motivo para preocupações quando as tentativas são frequentes e são usadas como forma de obter vantagens, ai sim, é necessário procurar ajuda de um psicoterapeuta."


Segue o vídeo da Lu Azevedo, que ilustra bem esse assunto, achei interessante compartilhar:


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