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Depressão na Infância e Adolescência aos Olhos da Experiência

Diante da grande demanda em minha clínica, resolvi escrever um pouco sobre o assunto. Tenho como objetivo levar a reflexão dos leitores.



Alguns estudos apontam a depressão na infância como um problema crescente. É alarmante o quanto esse quadro de depressão vem aumentando, nesta nova sociedade contemporânea.


Os principais sintomas descritos pelos estudos são: baixa autoestima, medos, distúrbios do sono, enurese, tristeza, dores abdominais, culpa, fadiga, desinteresse por atividade de modo geral, ideação suicida e problemas de aprendizagem.


As causas estão relacionadas, nestes estudos, aos aspectos psicossociais, ou seja, perda de vínculos afetivos, divórcios dos pais, violências físicas e psicológicas e falta de apoio familiar.


Ao longo dessa vivência em clínica, nestes 27 anos de experiência, venho acompanhando estas mudanças nos núcleos familiares.


O mundo e as famílias têm se tornado cada vez mais complexos. Os desafios dessas novas crianças e adolescentes, para lidar com este novo mundo, exige cada vez mais padrões de comportamentos elaborados.


A depressão é um sentimento que pode ser analisado pela falta de repertório de comportamento do ser humano em lidar com as dificuldades da vida, de maneira satisfatória.


Quero aqui, proporcionar uma outra visão a respeito dessa depressão, o quanto esta nova família contemporânea, está contribuindo para o desencadeamento e manutenção no quadro, na sociedade atual.


Podemos pensar em alguns que levam uma criança ou adolescente a não saberem lidar com suas questões do dia a dia; o que contribui para esse "gap" emocional. Talvez o excesso de liberdade, com tão pouca orientação ou a falta de limite de seus pais ou talvez o maior acesso às informações, sem os devidos cuidados.


Precisamos ter claro que a depressão não se manifesta de uma única maneira, com os estigmas que conhecemos, de deixar-se ficar só e se isolar. Ela pode aparecer também com outras comorbidades, como déficit escolar, a obesidade, transtornos de ansiedade, impulsividade, transtorno de conduta, transtorno desafiador opositor e transtorno de atenção (segundo Bahls 2002), além da agressividade e do consumo de substâncias químicas ou álcool.


Sobre a perspectiva mais ampla dessa nova família contemporânea, temos que refletir, o que esta família contribui também para estas crianças e adolescentes desencadearem estes mecanismos de defesa. Enganamo-nos quando pensamos que propor acessos, privilégios, bons momentos e recompensas aos nossos filhos, faz bem a eles. O mais importante que tudo isso é a maneira pela qual se tem acesso a tais "bens". Tudo que é dado, acaba não engrandecendo e nem tão pouco realizando essas crianças e adolescentes e o que é pior, não cria vínculos afetivos com a pessoa que os dá.


Precisamos pensar que, somente quando essas crianças e adolescentes tem acesso àquilo que lhe é importante por mérito próprio, é que se contribui para o crescimento de boa autoestima, consolidando a sua autoconfiança e a responsabilidade. Só assim estará proporcionando o verdadeiro crescimento pessoal, emitidos por ela própria e não através do que lhe é dado de bens materiais.


O ser humano e as próprias crianças e os adolescentes são construídos e se constroem, facilitados pelos meios que estão inseridos, nunca uma coisa ou outra e sim a soma de ambos.



A terapia psicológica deve ter como ponto principal as relações envolvidas: os pais, as crianças, a escola, que dizem respeito a dinâmica do problema. TODOS são a parte do problema e também parte da sua solução, mas sempre a prevenção é o melhor caminho!



A contraponto do orçamento do governo brasileiro que reduziu a verba para pesquisas científicas, pesquisadores brasileiros estão atraindo verbas do exterior para desenvolvimento de pesquisas aqui no nosso país. Como mostra a reportagem no link a seguir de um "Reality Show Acadêmico" divulgado pela BBC Brasil em que brasileiro ganha 1 milhão de libras para pesquisa sobre depressão - "O objetivo da pesquisa é entender o fenômeno do surgimento da depressao, ainda no início da vida, para depois tentar reduzir seu impacto como doença crônica“.


Veja mais a respeito: AQUI


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